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O Tempo não espera ninguém

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Tenho inúmeras vezes repetido que o Tempo não apita na curva, não espera ninguém. Perdoem-me ser repetitivo, mas a Verdade [com maiúscula, imploro] é maravilhosa! Embora eu já tenha aqui afirmado que o Tempo é ficção, não espera ninguém e somos esquecidos quando ele, curiosamente, avança pelo tempo. O Tempo avançando pelo tempo se esquece de nós e por culpa dele esquecemos nomes! Nem todos, alguns esquecemos por opção!

Esse cujo nome me foge era detentor de um elevado crédito a ele devido por um bom amigo meu, Oswaldo Assef, que já se foi para o Céu. Suponho, espero que tenha sido assim, que ele esteja por lá. O credor, seu advogado --- meu amigo também lá do Rio de Janeiro, advogado que anos depois tornou-se desembargador no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, hoje também lá no Céu --- Oswaldo e eu nos encontramos na represa de Guarapiranga, no início dos anos sessenta. Oswaldo era proprietário de um enorme terreno lá e o entregaria ao seu credor.

Conversamos durante muito tempo, os quatro. Serenamente, relembrando momentos das nossas vidas. Éramos jovens, o que além de tudo nos conduzia à simplicidade. O tempo foi, contudo, passando, passando sem parar, até os dias de hoje. Hoje dois de nós já se foram e ele não tem a menor ideia de quem sou. Há de ter esquecido esse nosso encontro.

O Tempo é mesmo maravilhoso! Aqui e ali, em relação a este ou aquele outro, superpõe passado, presente e futuro. Quanto a mim, é como se unicamente o passado me envolvesse, o que não me perturba. Há onze anos aposentei-me naquele tribunal lá de Brasília e, como professor, nas minhas Velhas Arcadas do Largo de São Francisco, em São Paulo. Já não sou mais conhecido como magistrado e professor, embora lembrem de mim como escritor jurídico e literário. Mas sou um outro, percebem? Uma coisa notável: partiram-me ao meio. Metade de mim, literária, é presente. A outra metade é passado...

Curiosamente, Tania e eu retidos em São José del Rey, conhecida como a cidade de Tiradentes, existo, mas não existo! Em outros termos, sou dois, um aqui, agora, outro no passado. O Tempo espera por uma minha metade, mas pela outra não! E determinados momentos são fascinantes! Não saímos de casa, às vezes chego à janela para ver gente passando. Por conta do que há uns dias uma pessoa que passava pela rua olhou para mim e me disse "boa tarde ministro!". E eu lhe respondi, "não, não sou eu, sou um sósia daquele sujeito lá daquele tribunal".

O tempo é maravilhoso, de verdade. Espera, mas não espera ninguém! Ainda bem que uma minha metade é preservada pelo meu Diário de Santa Maria e por vocês que perdem tempo lendo o que escrevo por aqui e por ali!

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